HORSE ON COLORS

Análise Técnica A obra "HORSE ON COLORS" é uma composição abstrata e dinâmica que se desenrola sobre uma tela de 70x115 cm. A paleta é dominada por cores vibrantes e saturadas, como azuis profundos, amarelos luminosos, verdes aquáticos e toques de vermelhos e púrpuras, que se misturam e se sobrepõem de forma fluida. O fundo da tela é caracterizado por manchas de cor orgânicas, algumas translúcidas e outras mais densas, que criam um efeito de profundidade e movimento. Linhas escuras, possivelmente desenhadas com grafite ou carvão, contornam e definem formas abstratas ao longo da tela, conferindo uma estrutura subjacente.

A técnica é intrinsecamente ligada à sua expressividade. O esmalte, combinado com água rás, secador de cobalto e óleo de linhaça, permite manipular a fluidez, o tempo de secagem e o brilho da tinta, resultando em cores que parecem vibrar e expandir-se. No centro da composição, conforme o título sugere, emerge a figura abstrata da face de um cavalo, delineada por essas linhas escuras. Embora não seja uma representação literal, a forma sugerida evoca a silhueta de um equino, imersa e quase fundida com o turbilhão de cores ao redor. Elementos de colagem são visíveis em várias partes da obra. Tratam-se de pedaços de canvas previamente pintados com tinta óleo, recortados em formas irregulares e aplicados sobre a superfície principal. Estes fragmentos adicionam textura, interrupções visuais e um contraste de materialidade, com suas próprias nuances de cor e brilho, que diferem da aplicação do esmalte e da mídia mista. A superfície geral apresenta uma complexidade tátil, com áreas de brilho e opacidade, resultado da combinação de esmalte e óleos com a base do canvas não preparado.

Análise Conceitual "HORSE ON COLORS" explora a tensão e a harmonia entre a abstração e a sugestão figurativa, utilizando uma abordagem experimental de mídia mista. A figura abstrata do cavalo, embora central, não domina a tela no sentido tradicional, mas sim emerge da paisagem cromática. Isso sugere que o cavalo é menos uma entidade separada e mais uma manifestação orgânica das próprias cores e formas que o cercam. Pode-se interpretar o "cavalo" como um espírito, uma ideia ou a essência da natureza, que se materializa e se dissolve dentro de um ambiente caótico e vibrante. A escolha de um canvas não preparado pode significar uma rejeição às convenções acadêmicas, abraçando a espontaneidade e a textura crua do material como parte integrante da estética final.

A energia da obra reside na interação entre as linhas fluidas, as manchas de cor expansivas e os elementos colados que se assentam sobre a superfície. A composição é desprovida de uma perspectiva linear clara, convidando o observador a uma leitura mais intuitiva e emocional. As cores evocam diferentes sensações – o azul e verde remetem à natureza aquática ou a paisagens celestes, enquanto o amarelo e vermelho adicionam calor e paixão. É, portanto, uma meditação visual sobre a forma, a cor e a materialidade, onde o familiar (a figura do cavalo) é recontextualizado dentro de um universo abstrato e sensorial.

Análise Estilística Estilisticamente, "HORSE ON COLORS" dialoga com as correntes do Abstracionismo Lírico e da Arte Informal, onde a materialidade e a gestualidade são cruciais para a expressão. O uso de mídia mista e colagem, incorporando fragmentos de canvas previamente pintados, introduz uma dimensão que remete à arte que valoriza a acumulação e a recontextualizarão de materiais, como visto em certas vertentes da Arte Povera ou no Cubismo Sintético pela sua composição de diferentes texturas. A obra reflete uma abordagem experimental na técnica, utilizando a imprevisibilidade do esmalte sobre canvas não preparado para criar um ambiente visual orgânico. Embora não se alinhe a um movimento único, a obra compartilha com o Expressionismo Abstrato a busca por uma expressão emocional e subjetiva através de gestos livres e a não-representação literal, focando mais na sensação e na energia. A fluidez das cores e a emergência de uma forma reconhecível (o cavalo) de um plano abstrato criam uma tensão entre o controle e o acaso, que é uma marca de muitas explorações artísticas modernas.

ENGLISH

Technical Analysis "HORSE ON COLORS" is a dynamic, abstract composition unfolding on a 70x115 cm canvas. The dominant palette features vibrant, saturated colors such as deep blues, luminous yellows, aquatic greens, and touches of reds and purples, which blend and overlap fluidly. The background of the canvas is characterized by organic color fields, some translucent and others denser, creating an effect of depth and movement. Dark lines, possibly drawn with graphite or charcoal, contour and define abstract shapes across the canvas, lending an underlying structure.

The technique is intrinsically linked to its expressiveness. Enamel, combined with turpentine, cobalt dryer, and linseed oil, allows for the manipulation of paint fluidity, drying time, and gloss, resulting in colors that seem to vibrate and expand. At the center of the composition, as the title suggests, an abstract figure of a horse's face emerges, outlined by these dark lines. While not a literal representation, the suggested form evokes the silhouette of an equine, immersed and almost fused with the swirl of colors around it. Collage elements are visible in various parts of the artwork. These are pieces of canvas previously painted with oil paint, cut into irregular shapes and applied to the main surface. These fragments add texture, visual interruptions, and a contrast in materiality, with their own nuances of color and sheen, differing from the application of enamel and mixed media. The overall surface exhibits a tactile complexity, with areas of gloss and opacity, resulting from the combination of enamel and oils with the unprepared canvas base.

Conceptual Analysis "HORSE ON COLORS" explores the tension and harmony between abstraction and figurative suggestion, employing an experimental mixed media approach. The abstract figure of the horse, although central, does not dominate the canvas in a traditional sense; rather, it emerges from the chromatic landscape. This suggests that the horse is less a separate entity and more an organic manifestation of the very colors and forms that surround it. One could interpret the "horse" as a spirit, an idea, or the essence of nature, materializing and dissolving within a chaotic yet vibrant environment. The choice of an unprepared canvas might signify a rejection of academic conventions, embracing the spontaneity and raw texture of the material as an integral part of the final aesthetic.

The artwork's energy lies in the interplay between fluid lines, expansive color washes, and collaged elements that settle on the surface. The composition is devoid of clear linear perspective, inviting the observer to a more intuitive and emotional reading. The colors evoke different sensations—blue and green hint at aquatic nature or celestial landscapes, while yellow and red add warmth and passion. It is, therefore, a visual meditation on form, color, and materiality, where the familiar (the horse figure) is recontextualized within an abstract and sensory universe.

Stylistic Analysis Stylistically, "HORSE ON COLORS" dialogues with currents of Lyrical Abstraction and Informel Art, where materiality and gesturality are crucial for expression. The use of mixed media and collage, incorporating fragments of previously painted canvas, introduces a dimension reminiscent of art that values the accumulation and recontextualization of materials, as seen in certain branches of Arte Povera or Synthetic Cubism for its composition of different textures. The artwork reflects an experimental approach to technique, using the unpredictability of enamel on unprepared canvas to create an organic visual environment. Although not aligned with a single movement, the work shares with Abstract Expressionism the search for emotional and subjective expression through free gestures and non-literal representation, focusing more on sensation and energy. The fluidity of colors and the emergence of a recognizable form (the horse) from an abstract plane create a tension between control and chance, which is a hallmark of many modern artistic explorations.