PORTUGUÊS
"BACCHU'S FEAST" apresenta-se como uma obra monumental que redefine a tradição dionisíaca através de uma linguagem visual contemporânea, fundindo o expressionismo abstrato com elementos do neo-barroco. Esta imponente composição (150 x 140 cm) executada em óleo, esmalte e mídia mista sobre canvas, estabelece um campo cromático de extraordinária riqueza, dominado por um fundo de vermelho-vinho profundo que evoca imediatamente o néctar sagrado de Baco. O formato quase quadrado, ligeiramente verticalizado, cria um espaço pictórico expansivo que convida o espectador a submergir completamente na experiência sensorial da celebração báquica.
A técnica mista empregada pelo artista resulta em uma superfície de complexidade tátil fascinante, onde camadas de tinta a óleo dialogam com aplicações de esmalte brilhante e elementos colados que criam relevos inesperados. Esta materialidade pronunciada estabelece um paralelo conceitual com a própria natureza da festividade dionisíaca – excessiva, multissensorial e transgressora de limites. Particularmente notável é o tratamento da luz, que parece emanar de múltiplos pontos focais dentro da composição, criando zonas de luminosidade quase fosforescente que contrastam dramaticamente com áreas de densidade cromática profunda, evocando o ambiente de tochas e sombras de um festim noturno.
A composição orquestra magistralmente o caos controlado, com formas que sugerem corpos em movimento extático, taças erguidas, e elementos vegetais (videiras, parras, frutos) que se entrelaçam em uma coreografia visual vertiginosa. O artista emprega uma paleta que complementa o fundo vinoso com acentos de dourado solar, verde-esmeralda e toques ocasionais de azul-turquesa, criando contrastes vibrantes que amplificam a sensação de celebração frenética. A abstração deliberada das formas permite múltiplas leituras simultâneas, onde o figurativo é constantemente sugerido mas nunca completamente revelado, espelhando o estado de consciência alterada associado aos rituais báquicos.
A referência mitológica no título não é meramente decorativa, mas conceitualmente estruturante. Baco/Dionísio, divindade da transformação, do êxtase e da dissolução de fronteiras, encontra sua expressão perfeita nesta obra que desafia categorias estéticas rígidas. O artista reinterpreta a iconografia clássica do festim dionisíaco não como uma narrativa literal, mas como uma experiência visual que captura a essência energética e emocional da celebração extática. Esta abordagem contemporânea permite que a obra transcenda seu referente mitológico para abordar temas universais de libertação, comunhão coletiva e transcendência através do prazer sensorial.
Em sua essência, "BACO'S FEAST" não é apenas uma representação de uma celebração, mas uma celebração em si mesma – um tour de force pictórico que convida o espectador a abandonar temporariamente as restrições da racionalidade cotidiana e submergir em um espaço de possibilidade transformadora. A obra recusa qualquer interpretação moralizante do prazer dionisíaco, preferindo explorá-lo como uma força vital necessária e regenerativa. Como uma janela contemporânea para rituais ancestrais de comunhão e transcendência, esta pintura estabelece um diálogo fascinante entre passado mitológico e sensibilidade atual, entre tradição pictórica e inovação técnica, oferecendo ao espectador uma experiência que é simultaneamente intelectualmente estimulante e visceralmente impactante.
ENGLISH
"BACCHUS' FEAST" presents itself as a monumental work that redefines the Dionysian tradition through a contemporary visual language, fusing abstract expressionism with elements of neo-baroque. This imposing composition (150 x 140 cm) executed in oil, enamel, and mixed media on canvas establishes a chromatic field of extraordinary richness, dominated by a deep wine-red background that immediately evokes the sacred nectar of Bacchus. The almost square, slightly vertical format creates an expansive pictorial space that invites the viewer to fully immerse themselves in the sensory experience of Bacchanalian celebration.
The mixed technique employed by the artist results in a surface of fascinating tactile complexity, where layers of oil paint dialogue with applications of glossy enamel and collaged elements that create unexpected reliefs. This pronounced materiality establishes a conceptual parallel with the very nature of the Dionysian festivity—excessive, multisensory, and boundary-transgressing. Particularly notable is the treatment of light, which seems to emanate from multiple focal points within the composition, creating zones of almost phosphorescent luminosity that dramatically contrast with areas of deep chromatic density, evoking the torch-lit and shadowed atmosphere of a nighttime feast.
The composition masterfully orchestrates controlled chaos, with forms suggesting bodies in ecstatic motion, raised goblets, and vegetal elements (vines, leaves, fruits) intertwined in a dizzying visual choreography. The artist employs a palette that complements the wine-hued background with accents of solar gold, emerald green, and occasional touches of turquoise blue, creating vibrant contrasts that amplify the sensation of frenetic celebration. The deliberate abstraction of forms allows for multiple simultaneous interpretations, where the figurative is constantly suggested but never fully revealed, mirroring the altered state of consciousness associated with Bacchic rituals.
The mythological reference in the title is not merely decorative but conceptually structuring. Bacchus/Dionysus, divinity of transformation, ecstasy, and the dissolution of boundaries, finds perfect expression in this work that challenges rigid aesthetic categories. The artist reinterprets the classical iconography of the Dionysian feast not as a literal narrative but as a visual experience that captures the energetic and emotional essence of ecstatic celebration. This contemporary approach allows the work to transcend its mythological reference to address universal themes of liberation, collective communion, and transcendence through sensory pleasure.
In essence, "BACCHUS' FEAST" is not just a representation of a celebration, but a celebration in itself—a pictorial tour de force inviting the viewer to temporarily abandon the constraints of everyday rationality and immerse in a space of transformative possibility. The work refuses any moralizing interpretation of Dionysian pleasure, preferring to explore it as a necessary and regenerative life force. As a contemporary window into ancestral rituals of communion and transcendence, this painting establishes a fascinating dialogue between mythological past and current sensibility, between pictorial tradition and technical innovation, offering the viewer an experience that is both intellectually stimulating and viscerally impactful.
A Galeria Margot nasceu do olhar sensível e da jornada pessoal do médico e artista plástico Fábio Teixeira. Fundada como um espaço de expressão e resiliência, a galeria celebra a arte contemporânea em suas diversas formas, refletindo a paixão de seu idealizador por cores, texturas e a capacidade transformadora da criação artística. Mais que uma galeria, é um lugar onde a arte floresce como um legado de amor e superação.